Live A Live – Um grande RPG do passado finalmente recebe o reconhecimento que merece.

Por Ratito | Publicado em 27 de dezembro de 2025 - Editado em 27 de dezembro de 2025

Mesmo com tantos remakes e remasters saindo todos os anos, ainda possuímos grandes jogos que ficaram escondidos, seja por exclusividade de plataforma, falta de localização ou apenas por não terem caído nas graças do público.

Live A Live, infelizmente, foi um desses jogos que ficaram perdidos no tempo, porque seus gráficos eram considerados feios em comparação com jogos populares da época, e o título não vendeu o suficiente para a Square investir em uma localização. Mas, 28 anos após seu lançamento e graças à popularidade do estilo HD-2D, a Square Enix finalmente trouxe este RPG para o público ocidental após quase três décadas.

Os anos 90 foram a era de ouro dos RPGs. Devido às limitações dos consoles da época, os desenvolvedores experimentavam novas ideias para fazer o melhor uso possível dessas limitações, e Live A Live não é exceção. Sua narrativa é contada através de sete capítulos desconexos, cada um se passando em um cenário e período diferentes da história, e cada cenário possui sua própria mecânica peculiar. Sua estrutura lembra bastante outro RPG da Square Enix, Octopath Traveler.

Com exceção do último capítulo e do fato de todos os chefes finais terem o mesmo nome, não há nada que conecte a narrativa, então você é livre para começar onde quiser e zerar na ordem que desejar. Isso faz com que o jogo pareça uma antologia de contos.

Você tem uma aventura na pré-história, sem diálogos, uma tripulação tentando fugir de um monstro gigante solto em uma nave no futuro distante, um telepata que controla mechas, um lutador com o sonho de se tornar o melhor artista marcial da história, e um capítulo que lembra bastante Breath of The Wild. Cada capítulo possui cerca de uma a três horas para ser concluído, mas, infelizmente, nem todos possuem a mesma qualidade.

Jogabilidade

Apesar de ter um foco na narrativa, Live A Live possui um combate simples e direto ao ponto. Seu combate é estruturado como um JRPG tático em uma grade 7×7, e cada período tem uma gimmick única. Por exemplo, no período japonês, você pode passar a fase inteira no stealth sem matar uma única pessoa (o jogo até o recompensa por isso), ou passar matando tudo o que se mexe, no período do Velho Oeste, você monta armadilhas para deter a invasão de uma gangue de bandidos, no período atual, você aprende os golpes dos seus adversários quando é acertado, e por aí vai.

Cada ação e movimento no grid custa tempo. Tanto você quanto os inimigos carregam uma barra especial enquanto estão se movimentando em combate. Caso você demore muito para fazer sua ação, o inimigo irá atacar primeiro, e muitos deles possuem ataques que funcionam a longa distância. Então, dominar o posicionamento é o segredo para o sucesso no jogo.

O jogo recarrega automaticamente seu HP após cada combate, e a tradicional barra de mana não existe aqui, sendo substituída pela barra de ação. Essa barra (sua e dos inimigos) carrega conforme você se movimenta ou quando seleciona um ataque. Como o jogo não tem mana, você pode usar suas habilidades à vontade, mas algumas demoram mais do que outras para recarregar.

Conclusão

Live A Live é uma experiência tão única que me faz ignorar algumas galhofas da época, e digo que é um jogo obrigatório para os fãs de RPGs. O jogo é bem curtinho, o que faz com que certas histórias interessantes acabem se encerrando muito cedo, enquanto outras, mais chatinhas, duram além da conta. Apesar de ser seu primeiro jogo como diretor, acredito que Takashi Tokita (também diretor de Chrono Trigger e Parasite Eve) fez um excelente trabalho aqui. O jogo faz belas homenagens a gêneros que raramente são explorados em RPGs, com um sistema de combate fácil de aprender e uma curva de dificuldade tranquila até o último capítulo, que possuí uma dificuldade ridícula.