Wuchang Fallen Feathers – Uma Experiência Esquecível
Por Posted by | Publicado em - Editado emEstá ficando cada vez mais difícil acompanhar o gênero soulslike. Apenas neste ano, tivemos The First Berserker: Khazan, a DLC de Lies of P, o multiplayer cooperativo Elden Ring: Nightrein e, agora, Wuchang: Fallen Feathers, o primeiro jogo do estúdio Leenzee, que tenta chegar com o pé direito na indústria, mas acaba dando alguns tropeços no caminho.
ENREDO
A titular Wuchang é uma guerreira pirata que sofre com a condição mais original dos jogos: amnésia, causada por uma doença chamada Plumagem, que afeta toda a região de Shu. Essa doença faz com que todas as pessoas afligidas por ela percam a sanidade e, lentamente, se transformem em criaturas horríveis. Mas, diferente de outros infectados, Wuchang consegue manter o controle.
Todos que estão infectados pela Plumagem te atacam por estarem loucos, já os humanos comuns te atacam por acharem que Wuchang está louca. E, assim como todos os soulslike, o grosso da história é contada através de npcs escondidos e algumas cutscenes antes de enfrentar um chefe.
Nada que reinvente a roda, mas eu diria que a história nunca foi o ponto forte do gênero, não é mesmo?
JOGABILIDADE
A plumagem não é apenas a desgraça deste mundo. Em Wuchang, temos o sistema de plumas, que substitui a barra de magias. Ao fazer uma esquiva perfeita ou acertar ataques nos inimigos, Wuchang vai ganhando plumas, que podem ser utilizadas para lançar magias ou utilizar uma weapon art (Dark Souls 3 😉).
As weapon arts muitas vezes atrapalham mais do que ajudam, já que possuem animações longas e muitos inimigos não sofrem stagger. Em um jogo onde quase todos os inimigos conseguem te matar com três tapas, ficar muito tempo parado não é aconselhável.
O jogo possui parry e bloqueio, mas as esquivas são o foco principal devido a mecânica das plumas. A Plumagem também faz parte de outro sistema do jogo: o acúmulo de loucura.
Toda vez que você morre, Wuchang perde mercúrio vermelho (as souls desse jogo) e ganha pontos de loucura. Quando atingir uma certa porcentagem, Wuchang receberá um buff de dano e um debuff na defesa, recebendo mais dano. Porque tudo que você precisa em um jogo onde pode morrer com três golpes é uma mecânica que te faz sofrer ainda mais dano, não é mesmo?
Após chegar no limite da loucura, algo interessante acontece: no local em que você morreu, suas “souls” serão trocadas por um clone seu, e você deve derrotá-lo para recuperar suas almas.
Árvore de Habilidades
Wuchang possui uma árvore de habilidades bastante flexível. Ela permite que você redistribua seus pontos a qualquer momento. Basta encontrar uma “bonfire”. Isso dá ao jogador a liberdade de alterar a build e estar sempre se adaptando aos diversos chefes e inimigos que encontrará pelo caminho.
A árvore inclui buffs de atributos, novas weapon arts e alguns upgrades básicos, como mais danos em ataques contínuos, mais garrafas de curas e… parry. Sim, por algum motivo doentio, parry é uma skill que você precisa desbloquear.
Mas algo positivo é que muitos upgrades são universais. Por Exemplo, colocar ponto em força automaticamente aumenta o dano de vários tipos de armas ao mesmo tempo. Diferente de seus concorrentes, Em Wuchang você não precisa refinar cada arma individualmente, basta gastar um ponto e todas as suas armas sobem para +2, +3, +4 e aí vai.
Agora é hora de falar do maior defeito do jogo: o hitbox é bem… Peculiar. E com “peculiar”, quero dizer horrível. Inimigos acertam Wuchang sem olhar para ela, e certos ataques e magias atingem fora do raio de alcance.
O combate de Wuchang é rápido, mas a falta de stagger nos inimigos, aliada a um hitbox questionável, faz com que o jogo te puna caso tente ser agressivo. E se algum inimigo te acertar um golpe, Wuchang será arremessada longe e, por algum motivo, ela demora dois dias úteis para levantar, sem qualquer frame de invencibilidade durante a animação.
O resultado? Muitas vezes você morre com apenas um golpe, já que os inimigos continuam atacando mesmo com Wuchang caída.
AMBIENTAÇÃO
Posso dizer tranquilamente que o level design de Wuchang é o seu ponto mais forte. Os fãs da FromSoftware se sentirão em casa durante a gameplay. Seu mundo lembra bastante o do primeiro Dark Souls. As regiões são conectadas umas às outras e há uma quantidade enorme de áreas secretas para explorar e se perder.
Mas a inspiração no “pai” dos soulslike não está apenas nos mapas conectados e nas áreas secretas. Assim como em seu concorrente, Wuchang possui LONGAS caminhadas de volta até o local onde você morreu. Certas áreas parecem feitas com o propósito de frustrar o jogador. Em Dark Souls, a área mais frustrante do jogo é facilmente Blighttown, mas Wuchang tem regiões que fazem Blighttown parecer um passeio no parque. O jogo parece ter um verdadeiro fetiche em irritar o player.
Muitas áreas estão recheadas de inimigos e armadilhas que causam status negativos que reduzem lentamente a sua velocidade, drenam sua vida ou, em alguns casos, matam instantaneamente. As áreas possuem uma estética linda, mas é difícil admirar o horizonte enquanto inimigos disparam flechas, atiram com canhões ou lançam projéteis. Sem falar que certas regiões ainda contam com minas espalhadas aleatoriamente pelo cenário.
PERFORMANCE
É difícil dizer o que cai mais neste jogo: meu HP quando levo um golpe ou os frames durante a gameplay.
Engasgadas acontecem tanto em combate quanto em momentos aleatórios durante a exploração.
Já no console, além das quedas de fps, o jogo está igual um brigadeiro: cheio de granulados. Os cenários são tão feios que dá vontade de grampear as minhas próprias pálpebras.
CONCLUSÃO
Wuchang: Fallen Feathers é um soulslike que tenta voar alto, mas ainda precisa bater muita asa para sair do chão. Sua experiência com o jogo pode variar bastante, dependendo de você estar ou não pela famosa “fadiga de soulslike”. O jogo é aceitável, mas eu diria que apenas aceitável não é o bastante para um soulslike atual.
Wuchang: Fallen Feathers está disponível para:
